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Maranhão inaugura primeira UTI Pediátrica Cardiológica

Foto: Divulgação
Uma das grandes emoções que os pais sentem após descobrir que terão um filho é quando ouvem pela primeira vez o coração do bebê no exame de ultrassom. Para muitos deles, porém, a alegria dá lugar à preocupação. São os pais cujos filhos são diagnosticados com cardiopatia congênita, quer seja ainda no período pré-natal ou após o nascimento. Uma condição que pode ser tratada com uso de medicamentos, ou, na maioria dos casos, exige uma ou mais intervenções cirúrgicas.

“É um número alto. A cardiopatia é a má formação congênita mais comum. É um desafio de saúde pública porque a taxa de mortalidade é alta se não tratada. É a doença que mais mata no período neonatal. Por isso, é importante o diagnóstico precoce. Se detecta antes, tem a possibilidade de dar um tratamento adequado”, avalia a cardiopediatra Natália Benigno Moreira, da equipe médica do Hospital Dr. Carlos Macieira. Nos casos mais graves, a criança precisa operar no primeiro mês de vida.

A doença cardíaca congênita é caracterizada por alterações na estrutura e função do coração, que ocorrem no desenvolvimento embrionário da estrutura cardíaca. Uma em cada 100 crianças nascidas vivas apresenta alguma alteração do espectro amplo de doença cardíaca congênita. A mais comum é a comunicação interventricular – quando existe um “buraquinho” entre as duas câmeras do coração chamadas de ventrículos (esquerdo e direito).

O ultrassom morfológico no pré-natal pode apontar indícios da doença, o que exige depois um exame mais específico chamado ecocardiograma fetal. Após o nascimento, o “Teste do Coraçãozinho” (ou oximetria de pulso), que integra a triagem do Sistema Único de Saúde (SUS) e é feito entre 24 e 48 horas após o nascimento, também pode apresentar vestígios da doença, que devem ser investigados. Em São Luís, por exemplo, o “Teste do Coraçãozinho” pode ser realizado na rede pública nas maternidades Benedito Leite, de Alta Complexidade do Maranhão e Nossa Senhora da Penha.

Cirurgias
Segundo o Ministério da Saúde, mais de 29 mil cardiopatas nascem a cada ano no Brasil – destes, estima-se que 80% do total (mais de 23,8 mil crianças) precisarão passar por um procedimento cirúrgico em algum momento da vida.

A pequena Ana Luiza, de 2 anos, ainda se recupera da cirurgia que fez para correção de persistência de canal arterial na recém-entregue UTI Pediátrica Cardiológica do Hospital Dr. Carlos Macieira (HCM). O canal arterial, comunicação entre a aorta e a artéria pulmonar necessária no período fetal, deveria fechar espontaneamente após o nascimento, o que não ocorreu.

O diagnóstico veio depois que a criança foi transferida para o Hospital Infantil Dr. Juvêncio Mattos assim que nasceu e onde ficou por 12 dias internada na UTI. Foi submetida a muitos exames, entre eles o ecocardiograma com um mês de vida, quando foi detectada a alteração.

“Ela tomava um remédio e ficou em acompanhamento desde então. Receber a notícia não é nada agradável, é uma preocupação a mais. Uma aflição, qualquer coisa você pensa que pode afetar e ter sérios problemas”, conta a mãe Maria das Graças Aguiar Silva, que pode acompanhar a criança 24h na UTI, junto ao pai Clerson Fernando Santos Dorneles. “O melhor da história é saber que seu filho vai ser curado”, afirma.

Segundo o pai, Ana Luiza não tinha nenhuma restrição, podia brincar normalmente, porém a sombra da cardiopatia estava sempre presente. “A doença poderia gerar um problema mais grave no futuro. Não sabia o que podia acontecer com ela no dia a dia. Embora levasse uma vida normal de criança, sempre fica aquela preocupação. Fico aliviado e agradecido”, diz Clerson Fernando Santos Dorneles.

A primeira cirurgia

A Ana Luiza foi a primeira criança submetida à cirurgia na UTI Pediátrica Cardiológica do Hospital Carlos Macieira (HCM), entregue pelo Governo do Estado à população na terça-feira (3). Ela foi operada na quinta-feira. Além dela, mais cinco crianças foram internadas no dia seguinte à inauguração. Elas já faziam os exames pré-operatórios.

O novo serviço é o primeiro do tipo da rede estadual. Antes, apenas a Unidade Materno Infantil, ligada ao Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HU-UFMA), fazia procedimentos desse tipo.

A UTI possui nove leitos de UTI individuais e oito de enfermaria, tendo ainda equipe multidisciplinar com médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas e fonoaudiólogos. Crianças de zero a 14 anos poderão ser operadas no local.

“Vamos conseguir diminuir a fila de espera e mais, salvar crianças graves, que precisam de assistência urgente, como é o caso dos recém-nascidos com cardiopatias graves”, explica a cardiopediatra Natália Benigno Moreira, que coordena o novo serviço no HCM.

Maria Isabel Fonseca Costa também está com a filha Isabelly, de 2 anos, na UTI Pediátrica Cardiológica para os exames que antecedem a cirurgia. A criança tem Down – quase metade das crianças com a síndrome nasce com algum problema no coração.

“Ela pode brincar a vontade, sempre foi saudável. Mas a gente sempre pensa que a qualquer hora a criança pode dar uma crise ou morrer. A gente pensa muita coisa. Mas graças a Deus ela foi chamada logo para a UTI. Cheguei com muito medo, mas todos daqui me deram apoio, os enfermeiros me deram força. Deus vai abençoar a cirurgia e ela ficará curada”, ressalta.

Segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES), a previsão é que sejam feitas 15 cirurgias por mês – a fila para cirurgias cardíacas no estado é de cerca de 300 crianças.

Cardiopatia congênita

O que é?

Anormalidade na estrutura ou função do coração desenvolvido ainda dentro da barriga da mãe, capaz de provocar o comprometimento da função.

A cada 100 bebês nascidos vivos 1 é cardiopata.

É a alteração congênita mais comum e uma das principais causas de óbitos relacionados a malformações congênitas.

Dos mais de 29 mil cardiopatas que nascem anualmente, pelo menos 23,8 mil necessitarão de uma cirurgia cardíaca. Os sinais e sintomas da cardiopatia congênita dependem do tipo e da complexidade dos defeitos cardíacos. Em alguns casos, não causa sintomas. Contudo, pais devem ficar atentos quando:

Bebê apresentar cansaço excessivo e transpiração durante a mamada ou o mesmo pode acontecer durante o sono;

Em crianças maiores, o cansaço pode ser notado durante as atividades físicas ou até mesmo na dificuldade de acompanhar o ritmo de outras crianças;

Infecções pulmonares repetidas;

Cianose, que é a coloração roxa na ponta dos dedos ou nos lábios;

Palidez e apatia;

Baixo peso e pouco apetite;

Irritação.

Fonte: ASCOM 

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